lunes, 18 de abril de 2011

Laços com Brasil são prioridade para os candidatos peruanos

Renata Miranda - O Estado de S.Paulo
LIMA


O próximo presidente do Peru terá entre sua lista de desafios melhorar a integração regional do país e tentar restaurar os laços bilaterais com o Chile, danificados por uma disputa sobre a fronteira marítima entre os dois países. "No campo das relações internacionais, todos os candidatos têm como prioridade manter e fortalecer os laços com países como o Brasil e a Bolívia", afirmou Percy Palomino Marín, presidente do Instituto de Estudos Políticos e Jurídicos Internacionais em Lima. "No entanto, é no relacionamento com o Chile que o próximo presidente terá de concentrar seus esforços."

Peru e Chile estão em disputa sobre os limites marítimos no Tribunal Internacional de Haia. "Por causa disso, os chilenos veem com maior preocupação uma possível vitória do nacionalista Ollanta Humala, que teria o apoio na questão de países como a Bolívia, que também tem pendência territorial com o Chile", disse Palomino Marín. De acordo com a analista política Jacqueline Fowks, o temor chileno é justificado por causa das atitudes de Humala durante a campanha das eleições de 2006. "Humala tinha um discurso muito antichileno", afirmou Jacqueline. "Nestas eleições, porém, ele mal mencionou o tema."

No começo do mês, o presidente chileno, Sebastián Piñera, chegou a afirmar que uma eventual vitória de Humala poderia complicar as relações bilaterais do país com o Peru. "O direito internacional e a jurisprudência dão razão ao Chile. Esse mar nos pertence", disse Piñera na ocasião. "Somos vizinhos da Bolívia, Peru e Argentina e, por isso, buscamos as melhores relações. Mas não vamos confundir essa atitude de buscar boas relações com uma fraqueza em defender nosso território, nosso mar e nossa soberania."

Em referência às relações entre Peru e Brasil, Palomino Marín acredita que os laços entre dos dois países só tendem a melhorar daqui para frente. "O relacionamento entre Lima e Brasília passa por um bom momento, com diversas ações, como a assinatura de convênios e compromissos adotados num encontro no Acre, em 2010", afirmou o analista. Entre as áreas de cooperação estão a integração energética, a facilitação do comércio, a promoção de investimentos e a vigilância da Amazônia.

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110411/not_imp704577,0.php